quarta-feira, 17 de setembro de 2008

3 parte:" A descoberta"

E foi nessa hora que tudo se tornou claro em minha mente e eu lembrei de tudo que aconteceu há cinco dias atrás.
Eu tinha 18 anos e o Mateus 21, a gente se conheceu há 3 anos atrás por acaso.A banda dele iria tocar em uma festa de final do ano no meu colégio.Era um festival de talentos e cada um apresentava um número,seja de dança,canto,teatro,o que fizesse de melhor.Como eu fazia teatro,apresentei um monólogo que eu mesma criei,se tratava de uma garota cheia de sonhos e dúvidas,mas a procura de um grande amor.Eu estava indo muito bem e todos estavam impressionados,quando olhei em seus olhos me faltou o ar, a fala, não sei,tinha dado um branco,foi amor a primeira vista!E quando ouvi a sua voz no palco e seus olhares para mim nós já sabíamos que pertencíamos um ao outro.
E foi assim durante esses 3 anos,eu o amava completamente e não haveria outro que substituísse o seu lugar.Mateus foi feito exatamente para mim e eu pra ele.A gente se completava de todas as formas,ríamos das mesmas besteiras,pensávamos as mesmas coisas,discutíamos por qualquer coisinha,mas daí ele parava deixava eu fazer todo aquele drama e no fim dizia:
-Acabou amor?
Acabávamos rindo de tudo aquilo que fortalecia ainda mais a nossa relação.Voltando ao ponto central da história,estávamos juntos,comemorando o nosso 3 ano de namoro,quando fomos abordados por 2 homens que nos renderam e puxaram a minha corrente de ouro do meu pescoço,a qual eu nunca tirei pois tinha grande afeição pela mesma.Ele reagiu ao assalto e foi nessa hora que um dos caras atirou em seu peito.Eu nunca havia gritado tão alto na minha vida!Aquela dor era insuportável e eu não conseguia fazer nada, foi a pior cena que vi em toda a minha vida, eu só conseguia olhar para seus olhos e mal conseguia enxergá-lo, pois as minhas lágrimas não deixavam. A sensação de impotência se fazia presente naquele momento. Ele perdeu a sua vida por causa de uma corrente, a minha corrente.
E foi a partir disso que eu não vi mais sentido na minha vida, pra mim ele era a pessoa mais importante desse mundo e nada tinha mais graça. Chorei a noite inteira, eu não queria sair de perto do seu corpo, tentaram me dosar com comprimidos, mas eu fingi tomá-los. Achava que se vivesse sem ele não seria feliz novamente. Todos os meus sonhos iam por água abaixo, pois era com ele que eu queria compartilhá-los. A primeira coisa que veio na minha cabeça era me matar, não interessa como, mas se fosse para não sentir aquela dor que me angustiava tanto, eu preferia descansar em paz e nunca mais acordar de novo. Fui ao banheiro e peguei uma navalha, corri direto pro meu quarto e me tranquei. Eu só queria acabar com tudo aquilo. Parei pra pensar na minha faculdade de cinema, no futuro que eu teria pela frente, eu era jovem demais, eu tinha muitas coisas a fazer ainda, como acompanhar o crescimento da minha irmãzinha, me formar, conhecer novas pessoas e até encontrar um outro amor. Não!Não existia essa expressão no meu vocabulário e nem na minha vida. Não pensei em mais nada e comecei a fazer grandes cortes em meus pulsos, a sensação de ver o sangue escorrendo mais rápido me fazia crer que estava perto de tudo acabar, logo estaria perto do meu amor, meu único amor.
Acordei sentindo frio, muito frio. Isso se prolongou pelos cinco dias seguintes. Estava tudo muito calmo, não escutava mais vozes, as pessoas já não me enxergavam mais, eu já não ria, não chorava, nem sentia nenhuma dor. Eu só não consigo entender por que ainda não desapareci por completo. Acho que é uma questão de tempo, talvez dias, semanas, meses, mas por enquanto eu vou andando e seguindo essa estrada fria e amarga, procurando a paz e procurando o meu amor, que deve estar perdido por aí como eu, ou como muitos outros que não aceitaram a sua morte.

Camila Mélo

2 comentários:

Aline Dianna disse...

Nossa, que conto mais mórbido...

Adorei *-*

Aline Barbosa disse...

Mórbido mesmo... xD

Curti o fim... Ficou bonito.

Só faltam os coments da profa...
Bjão!
\o7