sábado, 13 de dezembro de 2008

O caso do meu pai

A situação já estava ficando impossível. Meus pais não paravam de brigar. Todos os dias era o mesmo discurso, o de que iam se separar, de que não se agüentavam mais e do quanto eles se arrependiam de ter se casado. Eu ficava com o ouvido na porta do meu quarto pra ver se tentava ouvir os insultos que eles trocavam, chorava todas as noites e rezava para que eles se entendessem. Talvez fosse melhor então que eles se separassem e não ficassem só de ameaças e fazendo da nossa casa um ringue de boxe em que o perdedor fosse aquele que perdesse a voz de tanto xingar o outro.Eu comecei a notar aos poucos que o motivo de tantas brigas não eram só as contas para pagar,ou a toalha molhada em cima da cama.Era algo além disso e eu precisava descobrir o verdadeiro motivo.Eu tinha 11 anos na época mas era muito esperta para a minha idade.Papai chegava muito tarde do trabalho e a minha mãe,ah a pobrezinha ficava em casa o dia todo fazendo os serviços domésticos.Meu pai começou a receber telefonemas muito estranhos em que conversava com uma pessoa que ele chamava de Dedé.Eu não sabia se era homem ou mulher,mas eles sempre marcavam de se encontrar todas as quartas e sextas em algum barzinho da cidade e a minha mãe já nem notava, ou melhor,ela já não se importava com mais nada,só pensava em mim,que era a sua filha mais velha,e no meu irmãozinho Junior de 3 anos.Certo dia resolvi que iria seguir papai para finalmente saber o que ele tanto fazia com esse tal ou essa tal de Dedé.Consegui driblar a mamãe que já pegava no sono no sofá da sala e saí na ponta do pé ao encontro de papai.Parecia uma investigação do C.S.I ou algo parecido.Eu adorava assistir essas séries de televisão.Coloquei um casaco de capuz para papai não perceber que era eu que seguia os seus rápidos passos.Percebi que ele não estava indo em direção a nenhum bar,muito pelo contrário,ele entrou em um motel.Eu sabia!Papai estava traindo mamãe com Dedé!Como ele pôde?Eu precisava ficar ali fora e pegá-los no flagra. Esperei por 2 horas e avistei papai saindo do motel sozinho. Não acreditava no que eu estava vendo. Dedé não saiu junto com ele. Foi tudo planejado. Era sempre assim. Eu precisava fazer alguma coisa, armar um plano e descobrir quem era Dedé. Os dias foram se passando e os meus pais continuavam brigando e foi aí que o celular do meu pai tocou e ele foi atender na varanda, mas ele não tinha se dado conta que eu estava lá ouvindo toda a sua conversa em que ele dizia que estava com muitas saudades e que precisava se encontrar com Dedé. Essa era a minha grande chance de pegar os dois juntos. Fingi que estava dormindo, pulei a janela do meu quarto e fui direto para o tal motel em que eles se encontravam. Fiquei escondida à espera do meu pai. Algum tempo depois ele chega e pergunta ao responsável se Dedé já se encontrava no quarto e o mesmo respondeu que sim. Ele subiu as escadas com um sorriso saltitante e eu não sabia se ficava com raiva ou se gritava, resolvi então que iria atrás deles e resolveria toda essa história, pois mamãe não poderia ficar nessa situação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito deste texto...

Quando eh que a gente vai descobrir se existe ou não este caso? hehe