sábado, 13 de dezembro de 2008

Subi as escadas de fininho para que não me vissem. Fui andando pelos corredores e ouvia sussurros, gritos e comecei a ficar com medo e achar aquilo tudo muito estranho. Quando cheguei ao tal quarto coloquei o meu ouvido na porta para ver se escutava alguma coisa e eu só ouvia:
-Vem Dedé, Vem pro seu nego!
E Dedé com uma voz meio grossa e agitada respondia:
-Me possua,me possua!!
Fiquei apavorada e comecei a achar que dentro do quarto acontecia uma sessão de exorcismo que nem nos filmes e comecei a rezar desesperadamente. E lá de fora só se ouvia:
-Entra no meu corpo!
Fui ficando cada vez mais desesperada e aflita
-Eu tô chegando lá!
Dizia uma voz grossa e estranha que não era a do meu pai
-Ai, ai, ai, vai sair!
Fiquei morrendo de medo do que pudesse acontecer a meu pai e empurrei a porta com a maior força do mundo e de repente me dou de cara com a cena mais estranha e louca de toda a minha vida!Meu pai, um sujeito baixinho e careca agarrando um negão bem alto e forte pelas costas, nus,encostados na parede do quarto.Quando Dedé me viu ela ou melhor ELE deu um grito tão alto que todo o motel ouviu e parou o que estavam fazendo.Eu fiquei perplexa de ver tal cena e saí correndo dali,aquilo não era uma sessão de exorcismo,mas parecia que eu realmente tinha visto um fantasma!Fui correndo para casa contar a mamãe tudo que tinha acontecido e foi aí que despertei de manhã cedo.Tudo não passara de um sonho.Fui para a mesa da sala e estavam meu pai,minha mãe e o Junior tomando café com direito a cuscuz,mingau e ovos mexidos como nos dias de domingo.Olhava para meu pai com uma expressão de susto e ele me perguntava se eu estava me sentindo bem.Fiquei aliviada e comecei a tomar o meu café da manhã em paz,quando de repente o celular do meu pai toca e ele com a voz mais estranha do mundo diz que já está terminando o seu café e se encontraria com a tal pessoa mais tarde no mesmo lugar de sempre.Quando perguntado por mamãe quem era a pessoa que ele se tratava no telefone,papai disfarçou dizendo que era um amigo do trabalho,o Dedé.Meu Deus será que aquilo realmente estava acontecendo?Mas tudo aquilo não passara de um sonho?Dedé realmente existe ou não?A mais pura verdade é que Dedé nunca mais ligou para papai, e a dúvida,ah ela ainda permanece na minha mente até hoje e o caso do meu pai nunca foi desvendado.

Camila Mélo

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem, uma coisa é certa: imaginação você tem! E isto é muito importante para quem trabalha com ficção. Saber criar histórias do nada (este nada quer dizer juntar pedaços de vivências ou experiências conhecidas e criar um corpo histórico), mas há outros elementos em jogo: você precisa se perguntar: será que esta história convence o leitor? Ela é verossímil? O que quero dizer é: (por exemplo: Matrix é uma ficção extraordinária, mas é verossímil, pois na própria história há elementos que a validam como tal) Não importa tanto sobre o que você escreve, mas sim "como" você escreve (isto já virou clichê). Sua história pode ser a maior mentira, mas você deve contá-la como se fosse a maior verdade.
Eu li "Os cinco mandamentos da felicidade" e depois me perguntei: mas para quem será que ela escreve suas histórias? Claro, pode ser para você mesma, e nem tem que ser para outras pessoas. Por que me perguntei isso? A resposta virá de você. Com o tempo você vai descobrir.
Escreva com emoção, com sofrimento, com paixão, com raiva. Crie um vínculo forte com o humano e com a realidade, pois é isto que você vai retratar, profundamente.
Beijos, Milla.